Isso mesmo. Pensaram certo. Meus amigos eram homossexuais. E observem que ser gay nos anos 70, 80, não era fácil. Para começar, eram chamados de viado. Hoje o termo pejorativo sumiu, pelo menos não o ouço mais. Existem outros, mas o viado era triste e o número 24, esse, coitado, sofria perseguição.
Não se deixavam abater por muito tempo. Arranjavam logo uma maneira de passar adiante o desamor e partir para aproveitar a vida. Uns eram mais recatados, tímidos mesmo. Outros, no entanto não se continham e alvoroçados deixavam seu lado mulher aflorar de vez.
O que mais me admirava neles era a lealdade. Não traiam em hipótese alguma seus amigos. Muitas vezes achavam atraentes meus namorados e cochichavam discretamente: “Posso dá uma olhadinha” “Nossa, perdi a respiração”.” Amiga, acho que vou desmaiar”.
Tinham também uma veia artista espetacular. Na pista de dança foram meus professores. Tinham desenvolturas para criar coreografias. Formamos pares perfeitos, e com a explosão da discoteca éramos chamados para abertura de boates. Um verdadeiro sucesso. E isso para eles era a glória, a realização plena.
Hoje me presto a relembrá-los com muita alegria. O tempo nos separou. Uns morreram. Outros continuam escrevendo sua história em outros lugares, com outras pessoas que também saberão valorizá-los.
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