sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Retratos da violência





Descarta-se a vida,
joga-a aos bueiros seu corpo junto aos dejetos e lixo.
Usurpam seu direito emerso ao ostracismo do qual se esconde o néscio da culpa como uma epidemia virótica,
sem antídoto a correr livre e atrocidar a putrefata porção de miseráveis que adormecem nas portas dos prédios públicos.

Ignora-se o ser
coberto por uma lona preta em passeios sujos onde desfilam uma insignificância fria de mentes doentes que incendeiam indigentes, índios, pobres diabos, decerto apenas abutres com sua carniça podre a encarniçar os muros e fachadas de casas plenas de opulência.


Viola-se a infância.
Nega-se a criança o direito de ser criança. Castiga-a ao levar sua visão lúdica da vida ao encontro das drogas,furtos, prostituição e relações de escravidão. Suas mãos inocentes
seguram revolveres numa eterna brincadeira de matar sem culpas, na intenção da defesa do pão ou mesmo um simples ingresso ao crime, sua única escola e da qual se concretiza, sonhadoramente, a sua ascensão social futura.


Mata-se simplesmente por tudo ou por nada.
Profana-se assim, a condição de vida digna. A barbárie é aliada a essa violência que destrói as relações entre os humanos , levando-os a seres brutais, desprovidos de raciocínio. Nega-se, portanto, o homem. Dá-se agora o seu
retrocesso ao homem-macaco , seu elo perdido tão contestado por cientistas, mas fortemente viável nesta realidade anômala e demente!

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