sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Afaste-se do TER e preencha-se do SER.





Sempre busco refúgio nas palavras quando alguma coisa me incomoda demais.

Enquanto não desabafo com as letras, o meu coração inquieto, denuncia-me sua desafeição.

Indago-me muito a respeito de pessoas que se afeiçoam ao Ter e acabam se esquecendo de Ser.

Pensam, talvez, que basta apenas saciar o seu desejo fútil de possuir bens materiais a qualquer custo. E muitas vezes pelo simples prazer de se exibir, alimentar o ego, e soberbamente se ver rodeada de poderes e servos.

Mata-me, a incansável vergonha que sinto ao me relacionar com este mundo vil e conspurcável.

Os sentimentos nobres são meras ilusões, ficaram esquecidos. A consciência é encoberta por uma vaidade insolente alimentada ás custas de uma verdade histórica de servidão.

Infelizmente tudo isso são vícios culturais.

Acostumamos-nos a sermos escravos do Sr. Ter. Pecamos por submissão e omissão. Não demos o devido valor, ou não tivemos coragem suficiente de afastar a nefasta de Tenho, Terei e Teria.

Contudo, tenhamos a dignidade de sermos Ser, sem artifícios nem dogmas.

Tentemos buscar nosso "eu sou SER " e nos permitamos conjugar devidamente o verbo SER , usado-o em nossas vidas, deixando-o preencher os vazios que a verbalização do TER  faz a nosso corpo físico, mental, e principalmente, espiritual.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

O Burrico monge e sua albinês.


Lá ia o burrico ligeiro a correr feito doido, a abandonar ás lágrimas sua burriquinha enamorada.

Nunca se viu no sertão burrico tão especiá. Falam aos quatro cantos que apesar de apaixonado renunciou os prazeres do amor para se embrenhar de vez na mata fechada, seca e esturricada ,para se encontrar com seu ser espirituá.

Burriquinha Amélia da Cruz,apesar de saber da tão nobre causa,não consegue aceitar a decisão do seu amado.

Burrico Zé das Almas dos Espíritos que se Foram é fundador da Meditação Caatinguista do semiárido de São Chico . Mestre reconhecido no meio de caprinos, ovinos ,bovinos e adjacências, o que Zé fala vira lei no meio animista.

Outro fato curioso, jamais visto ou ouvido por essas bandas do sertão bravo, é o fato de Zé ser um burrico albino. Com isso, acredita-se que a sua albinês seja milagre. Sendo assim é um enviado dos céus , tendo como mediador de tal proeza de nascença as mãos abençoadas de São Chiquim e Padim Padi Ciço Romão Batista, com o aval , é claro, de Nosso Sinhô Jesus Cristo.
Com a escolha de sua vida reclusa, o Monge Sertanista partiu e estraçalhou o coração de sua burriquinha.

Amélia , burriquinha pretinha de olhos amendoados e doces se entregou a uma depressão que lhe definha o corpo e lhe dilacera a alma.

Tadinha, sem seu Zé a vida não tem sentido.

Pensa em entrar para um convento. Ou quem sabe ir para o Tibete e se entregar de vez a vida monástica. Assim ficaria mais próxima espiritualmente do amor de sua vida.

Na verdade Zé não abandonou Amélia. Ele a salvou de uma decepção maior. Sabedor de sua missão, sabiamente, foi - se afastando aos tiquim. Não queria a infelicidade da menina burrica. Tem por ela uma afeição grande, mas os prazeres carnais não lhe são permitidos, portanto de que adiantaria alimentar um amor que não se concretizaria. Sabe, ele com sua sabedoria profética que Amélia superarará e encontrará em breve destino melhor para sua vida.

Em posição de iogue, Zé medita, ora e canta mantras. Pensa que assim vai salvar o mundo , as pessoas, fauna e flora das tragédias, do desamor e da violência.

Em mensagem recebida de seu mentor Jumento da Paz Celestial, afirmou totalmente entrega as orações e pregações para afastar o mundo de tão perigosos descaminhos.

Embaixo de um umbuzeiro Amélia sorri pela primeira vez desde que Zé se foi. Sonhara com seu amado na noite anterior. Ele a encaminhou para uma missão. Será penosa, mas cheia de sabedoria. Começara então sua peregrinação. Irá para Santiago de Compostela para desobstruir seus pensamentos e limpar sua alma. Voltará renovada e escreverá um livro.Seu nome será:Amélia Silva Brasil, casará com Genaro, o jegue mais bonito, sarado e feliz das redondezas ,e ocupará uma cadeira na Academia dos Sabedores  Literatos do semiárido tendo como patrono, Zé das Almas dos Espíritos que se Foram.

Será famosa e feliz.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Ser cidadão e enfrentar o jogo de interesses.


Pequena observação : Amigos, escrevi esse texto em uma época de profunda rebeldia e decepção. O engraçado que ao relê-lo encontro situações que ainda me traz grande indignação. infelizmente muita coisa ainda continua exatamente igual. É uma pena.



A intensidade de vivermos melhor está em trabalharmos o desapego. Em olharmos o outro por um prisma que não seja o do poder e soberba. Talvez seja piegas argumentar diante de fatos corriqueiros e aconselhar com palavras e frases préanunciadas em ditados populares.  Egoísticamente, não estamos disponíveis  para resolver problemas de ninguém.

Em primeiro lugar, não os sentimos, logo fica difícil  resolver situações que não nos interessam, não nos dão retorno!Precisamos, então, e com uma certa  urgência  aprendermos a ser solidários. E exercer a verdadeira solidariedade requer um exercício de cidadania sem precedentes.

Ser cidadão é se desapropriar das futilidades , e antes de tudo fazer o bem sem esperar nenhum tipo de recompensa.

Infelizmente  em sua grande maioria , o jogo de interesses individuais está acima de qualquer tipo de manifestação solidária.

Vivemos num mundo extremamente capitalista e competitivo. Perdemos completamente a noção do respeito pelo outro .Viramos máquinas de fazer dinheiro, presos a  leis que não funcionam ,e deixam ilesos, principalmentes ,os que possuem privilégios constitucionais!

Sentimo-nos, assim, impotentes em um país que acoberta e carrega em seu seio maternal , políticos  que subestimam seu povo ,e se entopem de vaidades  em  consequência de um poder que nós mesmo  os proporcionou.

 Na sua grande maioria , os homens "poderosos"   não pensam que  esse  poder imposto nas urnas  é passageiro. Querem a todo custo vivê-lo"eternamente"em seu universo podre, alimentados pela mediocridade que os cerca, e os faz senhores acima do mal e do bem.

 Os valores morais ficaram mesmo  em segundo ou terceiro plano - isso se ainda existirem tais valores!

É uma pena que no  país que amo,  persista ainda  esse autoritarismo vulgar  que vicia e empobreçe a nossa nação.

A falha está em nos aliciarmos a um sistema  ultrapassado que nos  premia   com  subempregos, e alimenta  os cofres dos crápulas engravatados viciados em charutos cubanos e uísque escocês.