Li um texto da escritora maranhense Fátima Oliveira em seu blog. No texto ela escreve sobre o ciclo menstrual das mulheres. A riqueza desse texto me fez achar em meus guardados um texto meu escrito em 2006. Meu texto narra a terrivel realidade de ter me tornado "moça".
Leiam e se divirtam.
Escutei sem querer a conversa de duas adolescentes. Falavam baixinho. Uma delas acabara de menstruar pela primeira vez.
Tratavam com naturalidade do assunto, mas gostariam que a “visitante” demorasse mais um pouco para voltar, um mês passava rápido demais!
Meu pensamento correu longe nesse instante.
Menstruei pela primeira vez com onze anos de idade. Achei péssimo, ainda corria livre pelas ruas, subia em árvores...
E agora, como seria? Chorei muito, era a única da turma das meninas, a ter aquilo!?
Era tudo muito incômodo. Não conseguia me adaptar com o
absorvente. Era grande, inibia meus movimentos e esquentava muito.
Isolei-me um pouco nos primeiros meses. Entretanto, pensei melhor e resolvi aos poucos, voltar ás brincadeiras.
Era um pouco desatenta, acabava sempre me machucando nas galhas de árvores, ou mesmo num simples jogo de pega-pega.
Teria que ser mais cuidadosa acabara de ficar “moça”.
Antigamente quando menstruavamos falavam que tínhamos ficado moça. Sendo assim nossas maneiras teriam que mudar.
Então, desesperada senti no peito a dor que seria dar adeus ao meu mundo infantil tão cedo.
E tudo por causa de uma sangraria desatada que me atrapalhavam as brincadeiras e me impedia de ser criança.
Certo dia brincava de polícia e ladrão quando senti algo não bem definido, molhar minha calcinha. Passei a mão e aflita, envergonhada vi que era sangue.
Pronto, estava perdida. Todos iriam rir de mim. Sentei na calçada desolada.
Os amigos não entendiam porque desistira da brincadeira. Não dei explicação.
Meu rosto se fechou. Minha desilusão era tanta que meus olhos se encheram de lágrimas.
Senti raiva. Droga de menstruação. Quero ser criança outra vez.
Aos poucos a brincadeira acabou. Todos foram embora.
Eu continuei presa á calçada. Ninguém conseguiu me tirar dali. Desconfiada olhei para todas as direções e iniciei uma corrida louca para casa.
Cheguei ofegante e chorosa. Queria morrer. Estava infeliz. Por que Deus não me livrava daquilo?
Leia na integra o texto da escritora Fátima Oliveira no link abaixo: http://talubrinandoescritoschapadadoarapari.blogspot.com/2011/07/entre-miss-e-toalhinhas-arrematadas-em.html
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2 comentários:
Memórias de muita sensibilidade. Emocionante
Nossa, deveria ter sido horrível mesmo.
JC
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