quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Preta, pretinha


Quando criança vivia pelas ruas da minha cidade a brincar como uma moleca feliz e sonhadora. O sol escaldante sapecava minha pele. Chamavam-me de negra, preta.

Adorava ser chamada de preta,neguinha, afinal de contas sentia e sinto orgulho da minha cor de ébano. É bem verdade que agora estou meio desbotada. Quem diria que a neguinha desbotasse dessa forma?

Sinto saudade do sol do meu sertão, meu companheiro de brincadeiras. Ele me trazia tanta felicidade!

Iluminava-me, dava-me a alegria de saborear cada instantinho de cada dia com liberdade e confiança.

E os banhos de rio? Vixe, a pretinha se esbaldava. A água geladinha dava um arrepio gostoso! Dava pulos de satisfação.E os risos?Eram muitos. Como se diz, a gente era feliz e não sabia.

Sinto falta de ser chamada de preta, negra.Pena que minha pele não suporte mais o sol escaldante do meu sertão. Ficou besta, amineirou-se.

Quando vou á terrinha fico fresca! Corro do meu querido sol ,como o diabo corre da cruz.

Os anos afrouxaram a baiana nordestina.Meu companheirinho de infância que me perdoe, mas a força dos seus raios só com chapelão- o que não suporto- e besuntada de filtro solar.

Graças a Deus, ainda sou chamada de preta, pretinha na minha Bahia de Todos os Santos e de tantas cores.

Lá sou a negrinha, descendente de Zumbi, da escrava Anastácia

Esse achado me remete á infância e me faz criança outra vez.

AÍ, MINHA GENTE, EU SOU FELIZ!

2 comentários:

Márcia Lopes disse...

Bonito post. Assumir a negritude não é fácil num país racista como o nosso

Vixe Mainha disse...

Márcia, grata por visitar meu blog e colocar seu comentário no post.
A negritude é realmente meu grande orgulho.

Um grande abraço.