quarta-feira, 5 de outubro de 2011

A ANESTESIA NÃO PEGOUUU!!!


Que dor era aquela que de repente aparece e me domina. Cega-me. Vira-me do avesso querendo acabar comigo.

A cortante, delicerante, afiadíssima , mete-se sem meu consentimento em minha boca e perfura meus dentes, minhas bochechas!

Socorro, meu painho do céu,a realidade da qual fujo me revela: "Mulher,filha de Deus Pai...tu tá com dor em um, dois... ou em todos os dentes! "

Parece dor de quem vai parir.

A miserável é inacreditável, inoperante,indecente.

Vejo-me debaixo da cama. Meu pai procura-me pela casa.

Meus olhos estão inchados da noite mal dormida e do choro incessante devido a mais uma dor de dente.

A menina fugia do dentista como o diabo foge da cruz.

Tinha pavor do amigo de meu pai vestido de branco que sempre tentava me convencer a abrir minha boca e cuidar dos meus dentes de leite.

Escandalosa, não deixava ele me tocar. Debatia-me de tal forma que acabava fugindo daquele monstro de vestes alvas.

Vejo-me na porta do consultório dentário. Não sei nem como cheguei lá.

A dor me trouxera para aquele local sereno e cheio de paz. Com certeza encontraria um monge de vestes brancas a declamar mantras.

Eis que ele surge.

Ás cegas entro em seu templo . Uma cadeira confortável me espera.

Há esperança e há dor. Muita dor. Mais dorrrr.

Com a boca cheia de algodão tento me comunicar com aquele ser zen.

Vi num passe de mágica o ser zen se transformar num ser maquiavélico .

Gelei.

Vi estrelas, cometas, asteróides.

Fui á lua, vi o sol.

Todos os Santos do céu me valhammmmm. A anestesia não pegouuuuuuuuuuuuu!!!!!

Vi a bondade sinistra do amigo de meu pai insistindo para que a menina abrisse a boca.

As gotas de suor se formavam em minha testa.

Morri literalmente.

Suspirei.

Acabou.

Não conseguia sair dali.

Estava em alfa.

Abestadamente fui guiada para fora daquele templo nefasto e sem cor.

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