Emburrei-me. Meu cenho se franziu. De nariz empinado retruquei:
- Papai Noel existe sim seus caras de chulé.
A meninada debocha da menina que acredita que o Papai Noel lhe trará mais presentes neste Natal.
- Bobona, o teu Papai Noel não existe mais mesmo. Pode esperar a noite inteirinha que ele não vem. Esqueceu que não tem casa nem família?
Enfureci-me. Voei nos cabelos de Maria Sardenta, a menina grandalhona e com fama de valente.
A “brutamonte” não tinha papas na língua. E, a menina ousada, ferida no mais fundo de sua alma não conseguia conter sua revolta. Tinha que dar uma lição na monstra e faladeira dos infernos.
Rolamos no chão enlameado pelas chuvas dos últimos dias. Viramos moleques de barro dando espetáculo para a meninada que fazia uma arruaça daquelas.
Apesar de minha magreleza aparente, sabia me defender das unhadas e “coques” atrapalhados da menina- gigante.
Ágil, grudei-me ás costas da sardenta e lhe dei uma mordida no pescoço gordo. A fortona deu um berro. Dei um pulo e corri sem destino.
Queria sumir. Ir embora, encontrar minha casa, minha mãe, meu pai e meus irmãos.
Uma dor vinda de não sei onde tomou conta de mim.
Suja de lama me encolhi debaixo de uma árvore num terreno baldio amontoado de mato e lixo.
Senti-me um animal que acabou de se separar de sua família.
Abracei-me e chorei.
Na minha cabeça passa um filme que me aperta o coração.
Era manhã. Acordei com gritos desesperados e cheios de dor vindos do quarto de meus pais.
Aturdida coloquei meu travesseiro entre os ouvidos para abafar aqueles gritos que eu não queria ouvir.
Depois veio um silêncio inquieto e longo.
Descalça, e de camisola, levantei-me levando comigo meu travesseiro.
Arrastando-o fui conduzida a casa de minha tia.
Desse dia em diante meus natais não mais existiram com a minha família.
O meu Papai Noel bem que se esforçou, mas não conseguiu mais mentir a sua não presença em minha vida.
Saio debaixo daquela árvore que me deu afeto silencioso.
Ando a passos largos. Preciso tomar banho. Ficar bonita e cheirosa para a noite que se aproximava.
E essa noite era uma noite especial. Era a noite de Natal!
Abro um sorriso e grito para mim, para o céu, para Deus: “Só por hoje Paizinho do céu traz mesmo que de brincadeirinha o papai, a mamãe e meus irmãozinhos para mim. Faz eu acreditar que isso, essa brincadeirinha é de verdade só um tiquinho, por favor”!
Há uma interrogação em mim.
Olho o céu mais uma vez e complemento minha conversa com o Senhor do Universo.
“Paizinho do céu, eu aceito só sonhar... viu?”
- Papai Noel existe sim seus caras de chulé.
A meninada debocha da menina que acredita que o Papai Noel lhe trará mais presentes neste Natal.
- Bobona, o teu Papai Noel não existe mais mesmo. Pode esperar a noite inteirinha que ele não vem. Esqueceu que não tem casa nem família?
Enfureci-me. Voei nos cabelos de Maria Sardenta, a menina grandalhona e com fama de valente.
A “brutamonte” não tinha papas na língua. E, a menina ousada, ferida no mais fundo de sua alma não conseguia conter sua revolta. Tinha que dar uma lição na monstra e faladeira dos infernos.
Rolamos no chão enlameado pelas chuvas dos últimos dias. Viramos moleques de barro dando espetáculo para a meninada que fazia uma arruaça daquelas.
Apesar de minha magreleza aparente, sabia me defender das unhadas e “coques” atrapalhados da menina- gigante.
Ágil, grudei-me ás costas da sardenta e lhe dei uma mordida no pescoço gordo. A fortona deu um berro. Dei um pulo e corri sem destino.
Queria sumir. Ir embora, encontrar minha casa, minha mãe, meu pai e meus irmãos.
Uma dor vinda de não sei onde tomou conta de mim.
Suja de lama me encolhi debaixo de uma árvore num terreno baldio amontoado de mato e lixo.
Senti-me um animal que acabou de se separar de sua família.
Abracei-me e chorei.
Na minha cabeça passa um filme que me aperta o coração.
Era manhã. Acordei com gritos desesperados e cheios de dor vindos do quarto de meus pais.
Aturdida coloquei meu travesseiro entre os ouvidos para abafar aqueles gritos que eu não queria ouvir.
Depois veio um silêncio inquieto e longo.
Descalça, e de camisola, levantei-me levando comigo meu travesseiro.
Arrastando-o fui conduzida a casa de minha tia.
Desse dia em diante meus natais não mais existiram com a minha família.
O meu Papai Noel bem que se esforçou, mas não conseguiu mais mentir a sua não presença em minha vida.
Saio debaixo daquela árvore que me deu afeto silencioso.
Ando a passos largos. Preciso tomar banho. Ficar bonita e cheirosa para a noite que se aproximava.
E essa noite era uma noite especial. Era a noite de Natal!
Abro um sorriso e grito para mim, para o céu, para Deus: “Só por hoje Paizinho do céu traz mesmo que de brincadeirinha o papai, a mamãe e meus irmãozinhos para mim. Faz eu acreditar que isso, essa brincadeirinha é de verdade só um tiquinho, por favor”!
Há uma interrogação em mim.
Olho o céu mais uma vez e complemento minha conversa com o Senhor do Universo.
“Paizinho do céu, eu aceito só sonhar... viu?”
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