A matinée lotava aos domingos no cine São José da cidade de Senhor do Bonfim. A menina de franja certinha não desgrudava os olhos da telona. Encantava-a aquele mundo de faz de conta. Transportava-se. Vestia as fantasias que rodopiavam nas fitas que assistia.
Apesar do seu ar angelical a menina gostava de ser “o artista principal”. Era fã dos bang bang. No quintal da casa de sua casa se dizia Ringo, Django.
Com seus revolveres feitos de pedaços de galhos de árvores presos as surradas calças velhas e enormes do pai, enfrentava os inimigos corajosamente. Era um bum, bang, pummmmm....infernal!
A meninada corria esbaforida do feroz e violento revolver da artista boa de gatilho.
A menina era mesmo atrevida. Os meninos reclamavam. Não aceitavam uma menina a comandá-los.
A realidade dos filmes não era essa: na telona os “moçinhos bonitões” derrotavam os inimigos e como prêmio tinham a seus pés e braços as derretidas moçinhas.
Mas, a menina dona do quintal não abria mão do papel central. Ou era ela o moçinho ou nada de brincadeira.
Chateados, deixavam-se vencer pela menina mandona.
Para a menina não lhe interessava nem um pouco o papel das moçoilas dos filmes de faroeste. Achava-as mimadas e indefesas. Seu negócio era ação e muita adrenalina.
Sendo assim a menina-homem corria, subia em árvores, rolava no chão e atenta derrotava seus inimigos ora com seus revolveres ora com murros poderosos e certeiros.
Chegava a abusar no momento das pancadarias.
Movida pela emoção do personagem exagerava nos murros, tapas que acabavam machucando os colegas de brincadeira.
Tudo estava maravilhosamente bem até o momento que nossa artista valentona não se machucasse.
Ela podia tudo. Mas nada nem ninguém deviam sequer em pensamento lhe ralar a mão.
Afinal de contas ela era a “artista”. E artista bate, manda. Cai e não se machuca.
No cinema era assim...
Mas, a nossa destemida menina não podia ver sangue. Era se arranhar um tiquinho para o frundunço começar.
A menina berrava de um jeito que só o pai seria capaz de lhe fazer calar a boca.
Era o pai aparecer para a menina calar. Ele era o salvador, o seu verdadeiro herói.
O que os meninos não sabiam é que a menina associava sangue à perda.
A morte lhe era de um vermelho escuro quase negro. Ela se sentia dominar pela escuridão que lhe levava os sonhos e junto a eles a pessoa que ela mais amava: seu pai.
As brincadeiras se esvaiam e ela se sentia só, sem herói para lhe preencher o vazio que lhe comprimia o peito e lhe deixava longe das travessuras e risadas da infância que era sua perda maior.
Apesar do seu ar angelical a menina gostava de ser “o artista principal”. Era fã dos bang bang. No quintal da casa de sua casa se dizia Ringo, Django.
Com seus revolveres feitos de pedaços de galhos de árvores presos as surradas calças velhas e enormes do pai, enfrentava os inimigos corajosamente. Era um bum, bang, pummmmm....infernal!
A meninada corria esbaforida do feroz e violento revolver da artista boa de gatilho.
A menina era mesmo atrevida. Os meninos reclamavam. Não aceitavam uma menina a comandá-los.
A realidade dos filmes não era essa: na telona os “moçinhos bonitões” derrotavam os inimigos e como prêmio tinham a seus pés e braços as derretidas moçinhas.
Mas, a menina dona do quintal não abria mão do papel central. Ou era ela o moçinho ou nada de brincadeira.
Chateados, deixavam-se vencer pela menina mandona.
Para a menina não lhe interessava nem um pouco o papel das moçoilas dos filmes de faroeste. Achava-as mimadas e indefesas. Seu negócio era ação e muita adrenalina.
Sendo assim a menina-homem corria, subia em árvores, rolava no chão e atenta derrotava seus inimigos ora com seus revolveres ora com murros poderosos e certeiros.
Chegava a abusar no momento das pancadarias.
Movida pela emoção do personagem exagerava nos murros, tapas que acabavam machucando os colegas de brincadeira.
Tudo estava maravilhosamente bem até o momento que nossa artista valentona não se machucasse.
Ela podia tudo. Mas nada nem ninguém deviam sequer em pensamento lhe ralar a mão.
Afinal de contas ela era a “artista”. E artista bate, manda. Cai e não se machuca.
No cinema era assim...
Mas, a nossa destemida menina não podia ver sangue. Era se arranhar um tiquinho para o frundunço começar.
A menina berrava de um jeito que só o pai seria capaz de lhe fazer calar a boca.
Era o pai aparecer para a menina calar. Ele era o salvador, o seu verdadeiro herói.
O que os meninos não sabiam é que a menina associava sangue à perda.
A morte lhe era de um vermelho escuro quase negro. Ela se sentia dominar pela escuridão que lhe levava os sonhos e junto a eles a pessoa que ela mais amava: seu pai.
As brincadeiras se esvaiam e ela se sentia só, sem herói para lhe preencher o vazio que lhe comprimia o peito e lhe deixava longe das travessuras e risadas da infância que era sua perda maior.
4 comentários:
Que menina danadinha!!!!!
Por onde anda essa menina?
Será que já cresceu? Será que ainda mora em Senhor do Bonfim?
Ou saiu por esse mundo a fora?
Hj já tem suas meninas ou meninos?
Já não brinca mais de bang-bang?
Quem sabe de suas lutas hj?
Acho que ela dorme, quietinha, em algum lugarzinho quente, esperando o momento de comecar a brincadeira de novo.
Um beijo menina danadinha!!!!
Um beijo Sandra
Deliane
Sandra, você era mesmo era endiabrada, como a gente diz lá no sertão do Maranhão rsrsrsrssr
Vixe Xarazinha miguxa-fofuxa, sua escrita trouxe à tona duas personagens que sonhei ser: a mocinha da corda no circo e a Julieta de Romeu (kkkkkkk); figuras que se fundiam entre a suavidade e o destemor. Porém ao que parece, as duas deram xabú! rsrsrsrs
Parabéns caregados do meu carinho e cheiros
VIXE MAINHA!!!! que menina mais trelosa, mas no dengo é gata arretada de manhosa...rsrsrsrsrs
Bj
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