sexta-feira, 30 de março de 2012

Homenagem de Beto Góes.



Recebi de presente esse texto carinhoso de meu amigo e conterrâneo Beto Góes. É com alegria que o compartilho com vocês que acompanham meu blog.



Amigas e amigos:

O texto é uma homenagem a uma conterrânea amiga, blogueira, e artista polivalente, que integra este nosso grupo ( grupobonfim).
Abraços



Cantinho nordestino



Onde estará localizado? Em Sergipe ou na Terra de Iracema,

Em Pernambuco ou na Terra dos Marechais?

Talvez na bela ex-primeira capital do Brasil, a Bahia...

Nada disto... Está nas Minas Gerais, justo em Ouro Branco,

Região Centro-oeste do Brasil, onde acontece esta narrativa.

E é pra lá que iremos agora mesmo... já, já... Vem comigo...

Entremos, pois, no supersônico que nos conduzirá.

Acomodados cá estamos... Pronto... chegamos.

O táxi veloz nos conduz a uma aconchegante residência

Com seu jardim acolhedor, pronto a distribuir amor.

- Ô de casa!

- Quem tá aí?

- É de paz, conterrânea.

O portão se abre. Adentramos...

Logo percebemos um gramado, arbustos baixos e floridos,

Vasos de barro plantados... Tudo estava bem cuidado.

Pedras esparsas estão ali... Pedriscos de mármore branco

Bem compactos, lembram um tapete imponente.

Mandacarus estão presentes com os seus caules resistentes.

Destacando-se está o Genaro, jumento pêga... Que pedigree!

Namorador que só um danado, é o gostosão daquele espaço.

Sua utilidade é bem servir de montaria sem igual

Aos donos daquela casa. Ah! Que delícia de sina!

Tem também outro jegue que atende por Pretim, o Tição.

Pé-duro, mas com muita disposição para o trabalho.

Cabe-lhe bem transportar nos seus caçuás tão limpinhos

Toda a produção cultural daquela casa para o sítio Vixe Mainha.

Outros animais estão a caminho daquele pedaço de chão.

São eles: Bombeira, uma loba-guará de pelo sedoso e castanho

E a sapa Miguelita, a soprano do grupo, mas de coaxar moderado.

Chegará de braço dado com o maridão, o sapo cururu Didão,

Um maestro de causar inveja, respeitado em toda aquela região.

Afinada – a passarinha advogada - é um caso à parte, bem singular;

Chega com a aurora, pousa nas árvores e canta... canta e canta.

Cumprida sua nobre missão parte para alegrar outros cidadãos.

Teriam lugar naquele cantinho o galo Josezinho e o peru Pimpão.

Mas barulhentos como são, incompatíveis seriam com Bombeira,

Cuja dieta predileta são os saborosos e inofensivos galináceos.

Agora, o xodó daquele cantinho será mesmo a brejeira Mary Lu;

Uma cabra de pelo malhado e de verdes olhos. Linda, a bichinha!

Vacona Fogosa, uma vaca nelore, branquinha e rechonchuda,

Passista de escola de samba, era a grande paixão de Genaro.

Até que poderia integrar o plantel do cantinho nordestino,

Mas, pelo seu porte avantajado, o espaço não lhe é apropriado.

Pelo mesmo motivo impeditivo da vacona,

Ficou de fora o Tourão de Oxum, um animal zebuíno,

Requisitado babalorixá, pai da dengosa Vaca Fogosa,

Que triste ficou com a sua preterição. Mas, fazer o que

Se o espaço não comporta os dois bovinos grandalhões?

Para encerrar, chegou a vez de Gatíssima, a gata dançarina,

Par nos ensaios da dança do ventre e da quadrilha junina

Daquela que, mesmo distante, não esqueceu as suas raízes.

Daí, criou, administra e zela com todo carinho

Daquele amado cantinho nordestino em terra das Alterosas,

Uma bonfinense arretadamente morena, ela que é a Sanbahia.


Beto Góes

27/03/2012

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