domingo, 19 de abril de 2009

Velho e adorável Chico



Nasceste na serra da Canastra nas Minas Gerais, em local conhecido como “Chapadão da Zagaia”, a mais de 1.000 metros, e como guerreiro caminhaste duro , desaguando tuas águas em outros estados do nosso Brasil.


Es um rio de fibra , pois mesmo sofrendo desgaste promovido pelo homem, não estás pávido nem acabrunhado. Resistes, como um soldado, vais a luta consciente da tua importância , na esperança que um dia a tua força seja reconhecida e teu trabalho árduo finalmente seja exemplo para aqueles que te perseguem.


Amo-te, meu querido Chiquinho. Sinto saudades das tuas águas cálidas ,andarilhas do meu sertão semi-árido, que grato por tua bondade se veste de verde, unindo-se a teus afluentes que se espalham, transbordam tal qual fonte divina, inspirando peregrinos em Bom Jesus da Lapa que louvam ao Pai ás tuas margens!


Es mesmo um rio especial. Acho até que o teu “coração” pertence ao povo nordestino! Afinal, trocaste o sudeste, região nobre do país, por uma região deficitária ,carente, e por vezes excluída no Cenário Nacional.


Preocupo-me com teu futuro querido rio. Temo que te prejudiques com essa história de mudança de teu curso no propósito de abastecer a população do agreste nordestino, na intenção de criar pólos agrícolas. Sabe-se que o rio Aral (entre o Cazaquistão e Uzbequistão) está morrendo.


Na década de 60, o governo soviético desviou dois rios que o alimentavam para irrigar plantações de algodão. Pressuponho, danos ambientais futuros com esse negócio de mudança do teu curso. Essa história vem de longa data e já foi plataforma eleitoral de muitos políticos!


Portanto, quero-te caminhante peregrino em direção ao mar a agradecer o milagre, conluiado com São Francisco de Assis, de dar vida ao nosso tão sofrido sertão.


Agradeço-te também por banhar 500 municípios brasileiros, ocupando 8% do território nacional, sendo assim o maior rio inteiramente brasileiro. Na tua nascente, presenteia-nos com vales e florestas naturais. E ao desaguar tuas águas a natureza te recompensa com coqueirais e imensas praias douradas.


Curvo-me a ti rio da Unidade Nacional, e peço a ajuda de Aiti, cujas lágrimas segundo a lenda o formaram, para afastar insensíveis e inescrupulosos espíritos presepeiros que são incapazes de impedir a tua morte lenta.

Um comentário:

marcia disse...

O pedaço do Velho chico que conheço é o de Juazeiro.Vc não imagina como esta acabado,uma tristeza.Na orla de Juazeiro tem um mal cheiro insuportavel!Nem vale mais apena ficar ali adimirando o vai e vem da barca.bjs