Genaro anda cansado. Precisa relaxar. Mas as preocupações consomem os miolos do jegue solidário. Esteve envolvido na polêmica sobre a construção de Belo Vale e a aprovação do novo Código Florestal. Tudo isso lhe tirara o sossego.
As discussões foram tantas que o nosso ambientalista quer paz. Mas a tristeza da fala do tamanduá paraense Zezão não lhe sai da cabeça. O bicho comedor de insetos pensa na morte dos bichos da região, das plantas e até dos índios que não querem de jeito maneira suas terras inundadas.
Dizem os especialistas que a construção da usina de Belo Monte é uma obra eficiente, que tem que ser feita. E o Brasil precisa de energia, e qualquer nova unidade geradora de energia causa impacto ambiental.
O que um jegue nordestino pode fazer diante de tantas especulações?
O que lhe dói o coração é saber que para tudo na vida paga-se um preço. E às vezes esse preço é alto. Sente-se de pés e mãos atadas. Um sentimento de impotência lhe aperreia seu ser impetuoso.
Cabisbaixo, levanta-se da rede a tempo de ver a arruaça em frente à casa de Didão.
Aturdido vai ao encontro do amigo que impaciente reclama em bom tom:
- Digo e repito: eu não quero ser Papai Noel coisa nenhuma. Isso é intriga de Cavalão. O peste do jegue que se acha cavalo é um fofoqueiro sem vergonha. Ele que não atravesse o meu caminho.
Genaro nunca vira seu amigo sapão tão nervoso. O rosto do sapo-maestro está vermelho de raiva enquanto seu corpo de cururu parece aumentar de tamanho.
As filhinhas gêmeas sapinhas do Cururuzão raivoso empalidecem ao ver o inchaço do pai.
Em coro gritam aterrorizadas:
- Socorroooo, acudammm, nosso paizinho vai explodirrrr!
Tácita, a sapinha pintora e mãe zelosa ,abraçando-as diz em voz suave:
- Minhas meninas, não fiquem assim, o papai só está um pouco nervoso. Logo ele voltará ao normal. Vão para casa. A mamãe promete que cuidará bem do papai de vocês.
Obedientes, e um tanto assustadas, as sapinhas entram em casa.
Discretamente Tácita vai até ao marido e lhe sussurra:
- Esqueceu que é hipertenso queridooo? Quer ter um troço e me deixar viúva?
Didão se recompõe. Genaro com seu jeito brincalhão abraça o amigo com carinho. Dá-lhe, amigavelmente um tapinha nas costas e fala:
- Quanta brabeza, Mestre cururu! Não ligue para o falatório maldoso de Cavalão. É isso que aquele safado de meia tigela quer.
Afinada, a passarinha advogada ,surge toda embonecada. Genaro até torce o pescoço para olhar a esguia passarinha passar.
Risonha, perfumada e de batom vermelho, Afinada se aproxima.
Galante, Genaro se insinua:
- Meritíssima, tu sabes o meu fraco por mulher de batom vermelho. E esse perfume... hum...deixa-me alucinado! Não faças isso comigo. Estou de pernas bambas.
Afinada pousa no ombro do jegue conquistador. Dá-lhe uma bicada forte. Genaro zurra baixinho. Safado rodopia com a passarinha que fica zonza e cai no chão.
Raivosamente, a passarinha mete o bico fortemente em uma das patas de Genaro que zurra alto.
- Pode morder minha princesa, nunca vi dor tão gostosa!
Didão resolve interromper o jogo de conquista de Genaro.
- Rapaz, se aquiete, até a Meritíssima doutora tu canta? Respeite a viuvez da moça. Tu era o melhor amigo do finado, lembra? Controle esse seu fogo, jegue safadão! E fique sabendo fui eu quem mandei chamar nossa amiga. Oxê tem cabimento?
Séria, Afinada chama Didão para uma conversa particular em sua casa.
A multidão se dispersa. Genaro sabe que abusou com suas investidas espontâneas de grande conquistador. Mas, o problema fora o bendito batom vermelho...
Decidido, entra na casa de Didão. Cavalheiro, pede desculpas à passarinha que prontamente as aceita.
A reunião na casa de Didão foi demorada. A escolha do bicho que seria o Papai Noel fica para o dia seguinte.
Democraticamente, os animais votaram em seus candidatos.
Cavalão, nervoso, xinga em voz alta:
- Seus bandos de animais fedorentos de uma figa, vocês nem sequer lembraram de colocar meu nome. Eu vou me vingar. Ahhh se vou! Vão rezando, viu cambada?
A votação se encerra.
Depois de uma hora Afinada anuncia o vencedor:
- O nosso Noel vai ser Pretim o nosso jegue tição!
Cavalão exaspera-se:
- Isso é marmelada...! Onde já se viu Papai Noel preto?
Genaro se contém. Sua vontade é encher a cara de Cavalão de socos.
Mas Genaro não quer sujar suas mãos com criatura tão insignificante. Não vale a pena. O importante é a popularidade do seu amigo.
Com seu jeito simples o jegue outrora tímido e desajeitado ganhara a simpatia da bicharada.
Na véspera de Natal sentado num carro de boi e vestido de verde e amarelo lá ia o Noé nordestino.
Por onde passava o jegue tição exibia com orgulho sua negritude bonita tão presente nas ruas do Brasil.
As discussões foram tantas que o nosso ambientalista quer paz. Mas a tristeza da fala do tamanduá paraense Zezão não lhe sai da cabeça. O bicho comedor de insetos pensa na morte dos bichos da região, das plantas e até dos índios que não querem de jeito maneira suas terras inundadas.
Dizem os especialistas que a construção da usina de Belo Monte é uma obra eficiente, que tem que ser feita. E o Brasil precisa de energia, e qualquer nova unidade geradora de energia causa impacto ambiental.
O que um jegue nordestino pode fazer diante de tantas especulações?
O que lhe dói o coração é saber que para tudo na vida paga-se um preço. E às vezes esse preço é alto. Sente-se de pés e mãos atadas. Um sentimento de impotência lhe aperreia seu ser impetuoso.
Cabisbaixo, levanta-se da rede a tempo de ver a arruaça em frente à casa de Didão.
Aturdido vai ao encontro do amigo que impaciente reclama em bom tom:
- Digo e repito: eu não quero ser Papai Noel coisa nenhuma. Isso é intriga de Cavalão. O peste do jegue que se acha cavalo é um fofoqueiro sem vergonha. Ele que não atravesse o meu caminho.
Genaro nunca vira seu amigo sapão tão nervoso. O rosto do sapo-maestro está vermelho de raiva enquanto seu corpo de cururu parece aumentar de tamanho.
As filhinhas gêmeas sapinhas do Cururuzão raivoso empalidecem ao ver o inchaço do pai.
Em coro gritam aterrorizadas:
- Socorroooo, acudammm, nosso paizinho vai explodirrrr!
Tácita, a sapinha pintora e mãe zelosa ,abraçando-as diz em voz suave:
- Minhas meninas, não fiquem assim, o papai só está um pouco nervoso. Logo ele voltará ao normal. Vão para casa. A mamãe promete que cuidará bem do papai de vocês.
Obedientes, e um tanto assustadas, as sapinhas entram em casa.
Discretamente Tácita vai até ao marido e lhe sussurra:
- Esqueceu que é hipertenso queridooo? Quer ter um troço e me deixar viúva?
Didão se recompõe. Genaro com seu jeito brincalhão abraça o amigo com carinho. Dá-lhe, amigavelmente um tapinha nas costas e fala:
- Quanta brabeza, Mestre cururu! Não ligue para o falatório maldoso de Cavalão. É isso que aquele safado de meia tigela quer.
Afinada, a passarinha advogada ,surge toda embonecada. Genaro até torce o pescoço para olhar a esguia passarinha passar.
Risonha, perfumada e de batom vermelho, Afinada se aproxima.
Galante, Genaro se insinua:
- Meritíssima, tu sabes o meu fraco por mulher de batom vermelho. E esse perfume... hum...deixa-me alucinado! Não faças isso comigo. Estou de pernas bambas.
Afinada pousa no ombro do jegue conquistador. Dá-lhe uma bicada forte. Genaro zurra baixinho. Safado rodopia com a passarinha que fica zonza e cai no chão.
Raivosamente, a passarinha mete o bico fortemente em uma das patas de Genaro que zurra alto.
- Pode morder minha princesa, nunca vi dor tão gostosa!
Didão resolve interromper o jogo de conquista de Genaro.
- Rapaz, se aquiete, até a Meritíssima doutora tu canta? Respeite a viuvez da moça. Tu era o melhor amigo do finado, lembra? Controle esse seu fogo, jegue safadão! E fique sabendo fui eu quem mandei chamar nossa amiga. Oxê tem cabimento?
Séria, Afinada chama Didão para uma conversa particular em sua casa.
A multidão se dispersa. Genaro sabe que abusou com suas investidas espontâneas de grande conquistador. Mas, o problema fora o bendito batom vermelho...
Decidido, entra na casa de Didão. Cavalheiro, pede desculpas à passarinha que prontamente as aceita.
A reunião na casa de Didão foi demorada. A escolha do bicho que seria o Papai Noel fica para o dia seguinte.
Democraticamente, os animais votaram em seus candidatos.
Cavalão, nervoso, xinga em voz alta:
- Seus bandos de animais fedorentos de uma figa, vocês nem sequer lembraram de colocar meu nome. Eu vou me vingar. Ahhh se vou! Vão rezando, viu cambada?
A votação se encerra.
Depois de uma hora Afinada anuncia o vencedor:
- O nosso Noel vai ser Pretim o nosso jegue tição!
Cavalão exaspera-se:
- Isso é marmelada...! Onde já se viu Papai Noel preto?
Genaro se contém. Sua vontade é encher a cara de Cavalão de socos.
Mas Genaro não quer sujar suas mãos com criatura tão insignificante. Não vale a pena. O importante é a popularidade do seu amigo.
Com seu jeito simples o jegue outrora tímido e desajeitado ganhara a simpatia da bicharada.
Na véspera de Natal sentado num carro de boi e vestido de verde e amarelo lá ia o Noé nordestino.
Por onde passava o jegue tição exibia com orgulho sua negritude bonita tão presente nas ruas do Brasil.
4 comentários:
Sensacional! Adorei o texto e o teu blog também! Já tô te seguindo! Vem me conhecer também! Um Natal iluminado! Um 2012 abençoado! Bjo!
Elaine Averbuch Neves
http://elaine-dedentroprafora.blogspot.com/
Texto diferente. Muito bom. Interessante.
Olha, Feliz Natal pra vc e sua família. Que 2012 seja de muitas bênçãos e realizações.
Bjos Luzia
Olá querida, Venho visitar-te, principalmente para desculpar-me pela ausência, motivos fortes me impedem de ater-me muito a esse mundo virtual que muito me faz bem, porém que está tornando-se cada vez mais impóssivel para mim, a visão está se apagando e isso dói tanto que me afastei por um periodo indeterminado. Saber que posso em breve ficar na escuridão me apavora e ainda estou muito abalada com isso. Mas passo aqui para te desejar um abençoado ano de 2012 e que tudo de bom ocorra em sua vida, Um grande abraço, muita saúde, paz e amor pra você e sua familia. Peço desculpas por estar enviando o a mesma mensagem a todos amigos, porém facilita pra mim um bocado. Beijos
Agradeço os comentários.Adorei a visita de vocês a meu bllog. Voltem sempre. Feliz Natal. Abraços carinhosos.
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