terça-feira, 6 de março de 2012
Genaro : o galante mascarado
Genaro veste sua fantasia de marajá. Ri satisfeito diante do espelho. Tácita, a sapinha pintora , mulher de Didão, o sapo curururu maestro , ajeita o turbante dourado na cabeça do jegue bonitão que se estufa todo se achando belo e irresistível.
Pensamentos calorosos tomam conta da mente do jegue conquistador. Sabe que a mulherada não irá resistir. Todas brigarão por ele.
Difícil escolher diante de tantas belezuras com corpos á mostra. Quer todas. Mas, precisa ter cautela. Mesmo sendo Carnaval não quer magoar a essência feminina tão suave e sensível.
Fecha os olhos imaginando-se cercado por belas pernas, bocas vermelhas e perfumes estonteantes.
As sapinhas gêmeas, filhas de Tácita e Didão, vestidas de havaianas entram em algazarra tirando Genaro de sua súbita viagem ao seu harém fantasioso.
Com suas vozes infantis falam:
- Vamos mamãeeee, o Carnaval já começou. A banda do papai tá tocando na praça.
Todos saem, menos Genaro. Quer que sua entrada na praça seja triunfal. Afinal de contas é o marajá , aquele que arrebenta corações e faz moçoilas suspirarem.
Perfuma-se, faz exercícios. Ensaia passos. Toma um gole de energizante.
A música invade a casa de seu amigo maestro cururu.O animal narcisista cantarola alegremente. Olha-se mais uma vez no espelho e sai finalmente.
Pretim, o jegue tição, vai ao encontro do amigo.
Está atordoado e ansioso. Genaro se surpreende, olha-o interrogativo.
- Pretim meu velho, o que foi que aconteceu? Parece que viu assombração!?
Pretim respira longamente e responde:
- Meu amigo, a mulherada que tu andou dando uns “pega” tão tudo ai.
Genaro corrigi Pretim:
- Não se diz assim , Pretim. Mulher não se pega se conquista.
O outro gagueja:
- M..as...como tu v..ai fazê ?
O marajá-jegue pensa, pensa e pensa. Uma ideia brilhante lhe veem a mente. Cochicha com Pretim que fica perplexo. Os dois saem apressados.
A banda do Maestro Didão anima a praça. Os foliões cantam, brincam.
Tácita sente-se aliviada. Ainda bem que Pretim fora avisar a Genaro da presença inusitada de suas enamoradas.
Não entende como todas resolveram aparecer em pleno Carnaval?
Indaga-se: “Gatíssima fora para o Marrocos se aperfeiçoar em dança oriental e chegara inesperadamente. A loba bombeira e mineira deveria passar o Carnaval na bela cidade de Ouro Preto e não se embrenhar no sertão nordestino, seco e quente sem os atrativos da linda cidade histórica”.
“O que dizer da famosa sapa soprano, Miguelita que cancelou seus recitais na Europa” ?
“E da fogosa vacona, passista famosa de escola de samba do Rio de Janeiro”?
“Realmente não dá para entender. O jegue nordestino possui mesmo algo especial que faz a mulherada não medir esforços para estar ao seu lado’’.
Um murmurinho repentino se faz ouvir.
A figura máscula do mascarado vestido de negro chama a atenção dos presentes.
Seus pés iniciam passos flamenco. Seus olhos verdes, sedutores olham em volta. A mulherada suspira, vão até ele. Astuto e delicado abraça suas meninas envolvendo-as em sua dança bonita e sensual.
Miguelita com seus lábios vermelhos lasca-lhe um beijo. Gatíssima ondula seu corpo para chamar-lhe atenção. A loba uiva apaixonada.Vacona rebola exageradamente.
Pretim vestido de marajá observa maravilhado. Tácita sussurra-lhe:
- Pretim, o que você e Genaro andaram aprontando? Não me enrola, desenbucha.
Os dois se afastam da fuzarca.
O jegue tição se enrola. A sapa pintora insiste.
- Dona sapa pintora, é carnaval, deixe isso para lá, deixe meu amigo se adivertir. Oiá , Genaro queria agradá suas muié ,o jeito foi virá mascarado.
- E a fantasia, como ele conseguiu?
- Nóis cortou uns panos preto que tava numa mala véia embaixo de vossa cama.
- O quê? Minhas sedas importadas! Como se atreveram?
- Dona das arte, Genaro vai acertá tudinho com vosmecê, num se preocupe. Agora me dê licença, pois o marajá vai entrá em ação.
- Eiiiii, espere...e aqueles olhos verdes?
Já saindo de fininho o marajá-tição responde:
- Dona sapinha,muié de seu Didão, são lente que põe nos zoio, as tais coloridas...rsrsrs, Genaro tem de tudo...eitá jegue inteligente!
É quarta-feira de cinzas, o monge-jegue, Zé das Almas dos Espírito que já se foram pede mais atenção aos amigos que sonolentos mal conseguem se manter em pé.
- Genaro e Pretim, todos esses dias eu os acolhi em meu mosteiro para nosso retiro espiritual. A muito custo compreendi o sumiço dos dois á noite, e as constantes cochilhadas durante o dia. Mas, conforme as regras do nosso retiro , vocês meditarão e recitarão mantras até o final de semana. Assim, encherão seus corpos físicos e espirituais de paz e luz.
Didão senta-se próximo a mulher. Enrola um cigarro de palha enquanto solta uma sonora gargalhada.
Tácita ri também. Sabe que o motivo é Genaro e suas maluquices.
- Minha esposa- diz o cururu maestro soltando uma longa baforada- será se as meninas de Genaro acreditaram em seu sumiço repentino?
- Se acreditaram ,meu velho, não sei, mas que estão louquinhas pelo mascarado misterioso isso elas estão!
Didão embalança o corpo de cururu gordo de tanto que ri.
- Eitá Genaro safado, rsrsrs!
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4 comentários:
Oi Sandra, Genaro realmente é um alucinado por fêmea, de qualquer espécie rsrsrsrsrsrsrs
Fátima, esse Genaro é um mulherengo de primeiro time, rsrsr. Grata pelo seu comentário. Abraços.
Eita Genaro danado. As mulherada vão cantar pra ele.
O que que tu foi fazer no mato Genaro meu bem????????
Eita Genaro, cheio de galanteios.
Bijinhos
Esse Genaro é realmente um cara arretado! Traça tudo que lhe aparece à frente, sem querer saber se é padre à antiga ou escocês.
É um belo personagem do teu imaginário literário, amiga.
Parabéns pelo gostoso texto.
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